30.10.12

a ilusão do poder de escolha

Não há uma única vez em que ligue para o cabeleireiro que não tenha que lidar com aquilo a que chamo a “ilusão do poder de escolha.” Passo a explicar. É aquela altura em que a pessoa que atende o telefone me ilude com a possibilidade de poder cortar o cabelo à hora que mais me convém.

“Boa tarde! Tudo bem? O fulano x ainda tem vagas para hoje?”, digo.
“Olá. Sim, ainda tem. Quer vir cortar o cabelo a que horas?”, é o que ouço.
“Dava-me jeito às 15h30”, escolho.
“Pois. Essa hora já está marcada”, explicam-me.

“Então pode ser meia hora mais cedo. Às 15h”, escolho na segunda oportunidade.
“A essa hora também não pode ser”, dizem.

“Ok. Então às 18h”, é o meu terceiro palpite.
“A essa hora o fulano x já está ocupado”, referem.

“Pois… a que horas posso ir aí?”, pergunto sem vontade de escolher mais números.
“Na realidade ele já só tem vaga às 21h e às 21h30”, explicam.

Nesta altura, penso sempre: “Não seria mais fácil dizerem-me que só existem duas vagas disponíveis.” É que, telefonema após telefonema (mesmo com pessoas diferentes) continuam a dar-me a ilusão de que a agenda está livre. Fazem-me pensar que posso escolher a hora que mais se adequa ao meu dia quando, na realidade, resta-me aproveitar os minutos que restam livres ao bastante cobiçado fulano x.
Há momentos em que penso que este jogo telefónico corresponde a uma bolsa de apostas existente no cabeleireiro. Os funcionários, entre eles, apostam no número de tentativas que o próximo cliente gasta até acertar no horário vago para cortar o cabelo. Se isto for real, lamento mas não dou dinheiro a ganhar a ninguém pois nunca acerto.

17 comentários:

  1. E se perguntares logo se há vagas e quais as horas?

    Menos stress.
    Menos dinheiro gasto em telefone.

    ;)

    ***

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    1. Quando faço essa pergunta, dizem: "A que horas quer vir?" :)

      ***

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  2. Muitíssimo interessante. Falsos poderes de escolha!!!

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  3. Ainda bem que tenho uma prima cabeleireira e ao lado de casa. Combinamos quando lhe dá jeito e a mim. ;)

    Poderiam ser sinceras e dizer que não têm vaga para a hora e mencionar a hora que tinham disponível. Mas perder um cliente nos dias de hoje é complicado. Talvez esse jogo das "horas" foi para manter um cliente.

    E o menino não deveria telefonar com mais antecedência? ;)

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  4. Essa é mais uma escolha de não se escolher...O melhor é perguntar logo a que horas há vaga.

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  5. Por isso é que eu pergunto logo à partida qual o horário disponível:)

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  6. Hsb no meu caso eu controlo :)
    Vou à segunda, como a maior parte das pessoas vão no fim de semana posso escolher a hora... e meia hora da para pouco mais que a massagem divina que me dão...

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  7. Pois, por essas é que desisti de fazer, ou tentar fazer marcações. Como só vou ao cabeleireiro 1 vez por mês (sim, sou mulher!)arranjo um Sábado livre, levo um livro e "abanco" na sala de espera...não demoram muito a "arranjar-me" um espaço livre na abarrotada agenda...detestam ver pessoas à espera, não é bom para o negócio. O único senão é a "quantidade" de "conversas" (?) estúpidamente futeis a roçar insubtilmente a ordinarice que temos que ouvir das profissionais e respetivas clientes. Já pensei levar uns tampões e inventar uma otite subita. Reconheço que toda esta minha relutância tem a ver com o fato de não gostar de ir ao cabeleireiro mas também reconheço que saio de lá linda:-)

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    1. Muito bom! Gosto desse esquema.

      Em relação às conversas, como te compreendo...

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