9.1.13

controlo excessivo


Ontem não consegui evitar ouvir uma conversa que envolvia dinheiro e casais. Era uma conversa de homens que versava sobre despesas deles, controladas por elas. Como o diálogo aconteceu mesmo ao meu lado tornou-se impossível não ouvir o que era dito pelo grupo de homens. A certa altura, um deles comenta o facto de ter usado o cartão para efectuar um pagamento num sítio onde se divertiu.

Mais tarde, por uma razão qualquer, a mulher deu pela falta do dinheiro em questão. Foi verificar o extracto bancário e percebeu onde tinha sido efectuada a despesa. Resumindo e abreviando, o tema era como gastar dinheiro sem ser controlado e sobretudo sem se saber onde foi utilizado. A pessoa em questão recebeu o conselho clássico: “levantas antes” mas tudo aquilo fez com que me lembrasse de um amigo meu.

Trata-se de um rapaz que era literalmente controlado pela namorada. Não tinham conta em conjunto – que acredito ter sido o caso referido na conversa que ouvi – mas ela controlava o seu dinheiro, cêntimo a cêntimo, questionando todas as movimentações. Além disso, controlava a sua agenda social. Ela decidia quando e com quem ele podia sair. Como acontece sempre nestes casos, ele não tinha qualquer controlo sobre as coisas dela. A namorada gastava o dinheiro como queria, divertia-se com quem queria e ele não tinha voto na matéria.

Não concebo este controlo excessivo. Só compreendo uma discussão sobre dinheiro se, por alguma razão, um dos membros do casal usou a verba destinada a pagar algo como a mensalidade da casa nos copos com os amigos ou noutras coisas bem piores. Porém, já me custa a perceber que se queira controlar o dinheiro alheio ao cêntimo e a vida ao minuto. Talvez tenha esta forma de ver as coisas por ser uma pessoa que não dá “grande” importância ao extracto bancário e que aprecia a liberdade. Ou então por confiar nas pessoas e não sentir necessidade de exigir qualquer tipo de relatório financeiro ou mapa semanal de actividades.

E entendo que o controlo excessivo, seja ele qual for, nunca tem um final feliz. Nunca é acompanhado do cliché “foram felizes para sempre...” Acho que termina sempre desta forma: “foram felizes até ao dia em que... (preencher este espaço com uma discussão da sua preferência) ...e não houve volta a dar. Fim.”

45 comentários:

  1. Eu acho que é tudo uma questão de confiança. Não gosto nada desse tipo de relações de controlo, seja a mulher a controlar o marido ou ao contrário. Apesar de terem juntos acho que cada continua a ter uma certa liberdade para fazer aquilo que quer e gastar o seu próprio dinheiro naquilo que gosta (desde que não seja nada ilegal ou que venha a comprometer o relacionamento, claro).

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  2. Não gosto que me controlem o dinheiro. Não gosto de controlar o dinheiro dos outros. Cada um é responsável pelo seu. Mas isso sou eu que prezo muito a minha independência :)

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  3. Controlar é uma palavra que me causa hiperventilação. Quando estive no Brasil a estudar foram os meus pais que pagaram tudo e, apesar de terem toda a razão do mundo pois o dinheiro eram eles que me davam e não eu que o ganhava, enervava-me o rol de perguntas de "e gastaste isto onde" e com quem, e quando, e como, e gastaste tanto dinheiro numa só saída e por aí fora. Se já me sentia assim numa situação em que eles realmente tinham o direito de controlar, não quero sequer imaginar como reagiria se alguém tentasse controlar o dinheiro que eu ganho com o meu próprio trabalho... A vida a dois exige responsabilidade e quando vivem juntos realmente há que dar prioridade às contas e coisas da casa. Depois disso cada um é dono do que sobra... Pelo amor de Deus. Controlar é uma óptima forma de afastar os outros, na minha opinião.

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    1. Acredita que é muito pior do que esse controlo "natural" dos pais.

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  4. "Ela decidia quando e com quem ele podia sair. Como acontece sempre nestes casos, ele não tinha qualquer controlo sobre as coisas dela."
    Não é geral mas acredita que é a maioria, penso ter falado qualquer coisa desse genero lá no meu "canto" e era pior, o dinheiro do ordenado para a conta da mulher e ela dava-lhe (julgo) 5€ por dia, tendo em conta que o "rapaz" fumava e bebia um café ou dois por dia... lindo
    e não era caso único...
    por norma isso acaba mal... mais cedo ou mais tarde.

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    1. Isso é muito mal e é um questão de tempo até acabar e mal.

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  5. Confesso que na parte que referiste o teu amigo, comecei a ficar com uma certa sensação de falta de ar!!!!:S Isso é doentio!!! Faz.me confusão como há pessoas que conseguem ter um "amor" (se é que se pode chamar de amor) tão forte assim ao ponto de deixarem de controlar as suas próprias vidas, ao ponto de se anularem e viverem em função da vontade e ordem de outro... a sério, este é daqueles temas que me tira mesmo do sério! e teria muito para divagar... talvez um dia no meu blog o faça!:p
    O controlo excessivo dá sempre asas a fazer asneira um dia...

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  6. Que acrescentar aqui.....
    Vai durar até que haja a GOTA que transborde no copo....
    ou a coragem para acabar com a situação...
    Excepto nos casos em que as pessoas nao têm auto-controlo(como esse amigo que gastou o $ da renda....mt mau)
    de resto...quando não há confiança.....mais vale estar quieta/o....e só

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  7. isso a mim parece-me mais um animal de estimação do que um namorado.

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    1. Pior...eu não trato assim o meu gato.
      Ele tem cartão de crédito ilimitado e vale veterinário :))

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  8. Normalmente o crontrolo fica descontrolado.O Amor nao e' isso...
    Mas isso e' triste,ter de arranjar desculpas para explicar onde se gastou,com quem e porque...nao e' normal.
    Cada um deve ter liberdade e responsabilidade.

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  9. Só concebo a ideia de questionar onde e quando o dinheiro foi gasto se se tratar de uma conta conjunta e se fizer falta para pagamento de alguma coisa. Agora na conta individual cada um sabe de si e o que faz ao seu dinheiro.

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    1. Nesse caso deve mesmo ser questionado. De resto, penso como tu.

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  10. Muito material para psicanálise... e muita falta de lambada. Mas isso sou só eu, que tenho mau feitio :)

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  11. Esse tipo de controle faz-me muita confusão porque significa que o pilar base da relação que é a confiança mútua não existe. Muito rapidamente ficaria sufocada ...

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  12. Se a base da união for o respeito e a partilha não deverá ter lugar esse tipo de situações degradantes.. Ninguém é dono de ninguém . As pessoas porque partilham a vida com outra não deixam de ter identidade própria. Isso que falas não pode acabar bem!

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    1. Mais "se , por alguma razão, um dos membros do casal usou a verba destinada a pagar algo como a mensalidade da casa nos copos com os amigos ou noutras coisas bem piores." , a isto chama-se falta de responsabilidade e terá um tratamento próprio que quanto a mim não passaria por controlar tostão a tostão a outra pessoa. Já me parece o caso dos pais que não dão mesada aos filhos para os controlarem gota a gota e segundo eles melhor,para depois terem um resultado bem pior!..:(.

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    2. Que belos comentários. Gosto dessa forma de pensar.

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  13. Tal qual aquela história de dois apaixonados que resolveram jogar no Euromilhões a meias... e saiu...
    Aqui é mais "Amor é...."

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  14. Acho que enquanto namorados cada um sabe onde gasta o seu dinheiro, contudo quando há uma casa e outras responsabilidades, desde que o dinheiro pré-destinado para essas despesas não seja gasto em vão, cada um sabe onde empregar o dinheiro e fazer uma "extravagância" ocasionalmente.

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  15. Não entendo tb o pq de quererem controlar o dinheiro da pessoa com quem estão. Não é saudável, nem o dinheiro nem a agenda social. Quando há uma vida a dois, é normal q se partilhe o tempo, o dinheiro, a vida. No entanto, isso acontece de forma saudável, sem necessidade de controlar de um lado, nem de esconder do outro. É doentio.

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  16. Eu não faço aos outros o que não gosto que me façam a mim.
    Se me sentir na obrigação de "controlar" a outra pessoa ou o que ela faz ou gasta é porque a relação não vai bem... E mais vale só que mal acompanhado!

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  17. Está para nascer a pessoa que me ande a controlar! Era o que faltava.
    Concordo contigo... Esse tipo de controlos têm sempre um final pouco feliz. E também se chama falta de confiança!!!

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  18. Ou seja o companheiro passa a ser mais mais um dependente, um filho que é preciso controlar... Triste
    Brenda

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  19. Nunca estive numa relação assim..Em que houvesse qualquer tipo de controlo, muito menos financeiro..Nos quase 8 anos em que estive "casada", sempre tivémos uma conta conjunta para as despesas e uma cada individual, às quais nenhum membro do casal tinha acesso..E acho que assim é que deve ser..É tudo uma questão de responsabilidade, coerência e confiança..Se isso falta, não há amor ou controlo que resista, não há relação que sobreviva..Esse tipo de controlo não é saudável, e decididamente não é amor. É só estúpido (perdoem-me os sensíveis)..Comigo não resultaría nunca..Sou independente dsd os 17 anos e nunca admitiria uma situação assim..É só uma opinião, vale o que vale..Beijocas.

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  20. Eu acredito que numa relação amorosa as coisas acontecem porque ambos permitem. Mais, porque ambos querem que assim seja. Verdade que aquilo que contas se trata de controlo excessivo e levanta questões. Porque é que alguém tem necessidade de controlar assim? Porque é que alguém se deixa controlar desta maneira? A verdade é que deixa e vai deixando... porque até as más situações têm as suas vantagens. Se não houvessem benefícios secundários em se ser controlado, ninguém o era. Agora, quais são as vantagens, se são conscientes ou não, cada um o saberá dizer tal como cada um saberá pôr termo a essa conduta tóxica.

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  21. Um filho tem uma má relação com a mãe. O filho vai viver sozinho porque não aguenta mais as discussões com a mãe. Um dia a namorada vai viver com ele e não quer conta conjunta. Pagam-se as despesas e o resto é com cada um. A mãe dele desaprova as contas separadas, mas ele concorda com a namorada. Um dia o pai dele morre e de repente tudo o que essa mãe dizia passa a ser válido e acertado na cabeça do filho. E agora como é que me safo desta?

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    1. É uma situação muito complicada. E falar dela é difícil. Enquanto filho sempre escutei a opinião dos meus pais, algo que ainda faço hoje. Mas, quando passei a dividir casa, a primeira conversa tem de ser sempre com a pessoa que vive comigo. E a decisão final também é sempre nossa. Acho que é preciso diálogo e perceber o que é melhor para o casal. E isso é algo que a mãe terá de respeitar.

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