já nada nem ninguém me tira o sorriso dos lábios

Por vezes dou por mim a pensar na importância e no relevo do trabalho que faço. Sempre fui assim em todas as profissões que abracei. Posso dizer que tentei dar o melhor de mim e durante o tempo em que trabalhei nisto e naquilo. Fiz desses empregos as profissões da minha vida e aquilo que sempre quis ser. Para mim, é assim que deve ser. Das o nosso melhor para alcançar algo ainda melhor.

Mas ser jornalista é diferente. Escrevo para uma publicação que tem por objectivo ser vendida. Ou seja, escrevo para ser lido. Depois, existem todo o tipo de dados. Previsão de vendas. Número real de vendas. E uma espécie de alcance que a publicação tem. Isto leva-me a pensar, de tempos a tempos, na quantidade de pessoas que passam os olhos pelo que faço a nível profissional. Penso se gostam. Pondero se as pessoas se dão ao trabalho de ler o nome do jornalista que assina a peça.

Estas são aquelas dúvidas normais nesta área. Julgo eu. Mas a verdade é que qualquer jornalista é minúsculo num gigantesco mundo de parangonas, palavras, vírgulas e pontos finais. Mas, hoje consegui sentir-me um pouco maior. Consegui sentir-me ligeiramente importante. Senti-me notado profissionalmente. E a sensação é boa. Não me deixa em bicos de pés mas faz-me sorrir. Faz-me sentir que o artigo a que me entreguei valeu a pena ser escrito.

Não interessa o conteúdo. Pois uns vão achar interessante, válido e actual. Outros vão achar chato, aborrecido e sem qualquer interesse. Mas, a cerca de dez mil quilómetros de mim, alguém num site com milhões de visualizações diárias decidiu dar-lhe destaque. Não vem lá o meu nome. Nem tinha de vir. Mas está lá o trabalho que fiz. Um daqueles que não foi encomendado e a que posso chamar de meu. Tive a iniciativa. Fiz o trabalho e apresentei o mesmo quase totalmente feito. A ideia foi aprovada. E cresceu até onde pode crescer numa publicação. Até à capa.

O meu nome nunca saiu da cadeira onde agora me encontro. Mas isso não importa. Porque o nome de quem “defendo” chegou bem longe. E esse mérito ninguém me tira. Agora, vou continuar a festejar sozinho. Vou continuar a sorrir. E nada nem ninguém me irá roubar este sorriso até ao final do dia.