5.9.13

qualidade vs preço

“É impossível comprar um vinho de qualidade por menos de cinco euros.” Ouvi esta frase ontem. E discordo por completo. Defendo que é possível comprar um vinho muito bom por muito menos do que cinco euros. O que acontece é que muitas pessoas associam preços elevados a qualidade e nem sequer dão o benefício da dúvida a um produto cujo valor é tão baixo que chega a roçar o ridículo.

No caso do vinho. Imaginemos um vinho cuja produção deu para encher somente quinhentas garrafas. Que por sua vez estão engarrafadas com um vidro xpto e com um acabamento manual que lhe confere um aspecto único. Por sua vez, a garrafa está fechada com uma rolha feita com a melhor cortiça do mercado. A isto junta-se um rótulo especial com um design apelativo e por fim, o enólogo que acompanhou o processo deste vinho é dos mais conceituados da praça. Como é óbvio, tudo isto vai encarecer o produto. Se lhe confere qualidade? Não! Apenas terá que ser caro para pagar o seu custo.

Por outro lado, um vinho cuja produção deu para comercializar dez mil garrafas. E cujo produtor pouco se importou com tudo o resto excepto com o facto de comercializar um vinho a um preço apelativo para o cliente. Isto significa que o vinho é mau? Não! Significa apenas que o custo de produção foi bastante reduzido e que isso permite vender a um preço mais baixo.

Ainda nos vinhos. Muitas pessoas pensam que o preço é que conta. Mas, um dos segredos para saborear o vinho está nos copos. Esqueçam os vinhos caros e apostem em copos de qualidade. Além disto, não comprem o vinho hoje pela manhã para beber ao jantar. Tenham várias garrafas em casa prontas para qualquer refeição. Não menos importante: a temperatura. No caso do tinto, muitas pessoas pensam que deve beber-se “aquecido”. Isto está errado. O vinho tinto deve ser bebido a 18º. Para isso, basta que o coloquem no frigorífico (na zona das garrafas) três horas antes do jantar. Isso vai fazer com que seja servido a 15º. Com o calor dos copos, chega-se aos tais 18º. Quem não acredita nisto, experimente beber o mesmo vinho aquecido e da forma que estou a dizer. Depois, descubram qual sabe melhor e qual é que revela as verdadeiras qualidades do vinho. Qual é que nos deixa tontos, de cabeça pesada e com ar cansado. Convém não esquecer que nem todos os vinhos dão para toda a comida. Há que saber casar ambos. Uma pequena dica. Deve ser o sabor do vinho que fica na boca e não da comida.

E isto dos vinhos aplica-se a quase tudo. Pagar mais não é sinónimo de qualidade. Significa, na maior parte dos casos, que há muita gente a ter de receber dinheiro pelo produto final. Ou que existem lucros de quinhentos (ou mais) porcento. E que há uma marca para pagar e por aí fora. Nem tudo o que é barato tem de ser bom. Tal como nem tudo o que é caro é automaticamente bom. Mas, dar o benefício da dúvida e experimentar um produto barato não faz mal a ninguém.  

29 comentários:

  1. Não me alongo...não sou suficientemente conhecedora..mas lá em casa há quem seja e uma coisa sei por menos de 5€ se se souber procurar consegue-se encontrar vinho bom!

    Maria

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  2. Conheço bons vinhos correntes a menos de cinco euros! Bastante agradáveis!
    Muitas vezes também se prende com o nome da marca, se a marca ou a região não for tão conhecida o preço é mais baixo!

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  3. Permita-me só que o corrija num detalhe:
    afirmar que o vinho tinto deve ser servido a 18º é quase tão errado como afirmar que deve ser aquecido.
    Cada vinho tem as suas propriedades e os seus sabores e aromas poderão ser libertados consoante a temperatura a que são servidos.
    Servi-los à temperatura ambiente é totalmente errado.
    Se estiverem 30º numa sala estaremos a beber uma sopa e não vinho, correto?
    Deverá ser servido à temperatura que melhor o realce ou que melhor realce a conjugação do seu sabor com o do prato que acompanha.
    E não esquecer a temperatura do local onde está a ser servido porque pode influenciar bastante o resultado final (calculam-se uns 2 ou 3º abaixo para tentar servir à temperatura desejada).
    Já vi um belíssimo enólogo apresentar vinhos tintos servidos a 11º, por exemplo. E o resultado foi brilhante.
    Quanto ao resto, concordo absolutamente mas continuo a sonhar degustar um dia um Barca Velha ou um Pera manca.
    Já provei um francês bem mais caro e apesar de ser muito bom, acho que nem com o jackpot do euromilhões eu gastaria 300 € numa garrafa :)

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    1. Eu referi os 18º como uma generalização pois é uma temperatura frequente nos rótulos. O melhor do vinho descobre-se à temperatura aconselhada no rótulo. Para os 18º (algo que me foi ensinado num curso) pode usar-se o truque que referi.

      Quem não quer um barca velha ou pera manca? ;p

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  4. Pois de vinhos nada percebo, não sou conhecedora destes néctares, tão pouco apreciadora. No entanto, em relação à afirmação “É impossível comprar um vinho de qualidade por menos de cinco euros.”, depende do local onde procuramos o tal vinho. Decerto que, numa loja gourmet é completamente impossível. Beijinhos.

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  5. Pobre de mim, que compro sempre garrafas abaixo desse valor!... (salvo raras excepções...)

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  6. Concordo plenamente!

    http://queriadeti.blogspot.pt/

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  7. Claro que existem bons vinhos a menos de 5€. Concordo plenamente contigo que pagar mais nem sempre é sinónimo de mais qualidade.

    nadinhadeimportante.blogspot.pt

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. http://umblogdedoismetros.blogspot.pt/5 de setembro de 2013 às 17:31

    O vinho é para ser bebido, agora o problema tá nos copos? O melhor ou pior vinho está na ocasião e no momento em que é bebido, sozinho, acompanhado ou em grupo. Agora regras para beber vinho? por favor, ate pode ser da garrafa. Disse um Zé

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    1. O problema não está nos copos. O copo certo serve "apenas" para que descubras o melhor potencial do vinho. Estamos a falar de apreciação. Para beber, qualquer copo serve. Até da garrafa, como dizes.

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  10. Concordo inteiramente contigo, só tenho a acrescentar que os melhores vinhos aos melhores preços compram-se nas adegas. O melhor tinto que bebi comprei na adega de Palmela por 1 € cada garrafa.

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    1. Quando fiz um curso provei dezenas de vinhos e o melhor de todos era o mais barato. Para adivinhar o preço toda a gente disse preços elevados. Na realidade custava cerca de um euro.

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  11. Tens razão!
    Esse é um dos mitos que andam por aí.
    Abraço

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  12. Não percebo nada de vinhos, mas concordo que nem sempre o mais caro é o melhor. Às vezes acontece até o contrário.
    beijinho

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  13. Cá em ccasa somos apreciadores de vinho. Há vinhos caros que são verdadeiramente deliciosos e há os baratos, que também bebemos, que nem uvas levam mas que também são agradáveis.
    Já gastamos 120 eur numa garrafa de champanhe... Se vale a pena? Sem dúvida! Mas só em situações muito especiais, como i nosso casamento.:))

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  14. Não sou conhecedor de vinhos, porque não sou grande apreciador. Gosto apenas de vinho branco, e bebo poucas vezes. Sou mais de cerveja.
    Mas no que toca à relação qualidade vs preço, aplica-se em muitas outras coisas. Nem tudo o que é mais caro é necessariamente superior.

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  15. Concordo, no geral, com tudo, excepto na menção ao enólogo...não acho que caiba no mesmo saco que o marketing, design, garrafa...o enólogo pode de facto mudar a qualidade do vinho e é sem duvida um actor principal para aquilo que vai ser o produto final. O que pode ser discutível é a qualidade do próprio enólogo quanto ao facto de ser mais ou menos famoso...poderão haver centenas de bons enólogos sem fama e de certeza alguns normaiszinhos com muita fama.

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    1. Claro que pode. E não pretendi desvalorizar isso. Só disse que um enólogo mais caro vai tornar o vinho mais caro.

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