27.2.15

quando o amor é afinal uma doença

Existem histórias de amor que duram uma vida. Existem outras que são confundidas com amizade. Outras ainda que apenas preencheram um vazio momentâneo na vida de alguém. Existem histórias de amor que acabam ainda antes de começarem. Existem histórias de amor que são confundidadas com desejo físico. Algumas duram o tempo da relação sexual. E outras ainda são dignas de um conto e que são perpetuadas no tempo com um “foram felizes para sempre”.

Mas, em nenhuma destas histórias alguém é dono de alguém. Amar não é uma pessoa mandar noutra. Amar não é alguém anular-se porque outra pessoa assim o exige. Amar não é alguém anular-se porque tem medo de outra pessoa. Quem ama não ameaça. Quem ama não persegue. Quem ama não bate. Quem ama verdadeiramente não ousa dizer que vai roubar a vida a alguém que diz amar. Isso não é amor. Isso é uma doença qualquer que impede que exista amor.

Continuo a ficar parvo sempre que ouço histórias que têm algures um “não és meu/minha, não és de mais ninguém” ou um “se me deixas faço-te a vida num inferno” ou ainda um “se me deixas mato-te”. Continuo a ficar parvo com pessoas que se dão ao trabalho de perseguir alguém com quem tiveram uma vida/história em comum. Pessoas que não só perseguem aquelas com quem namoraram/casaram/viveram mas também se dão ao trabalho de atormentar as pessoas com que essas pessoas se relacionam. O mundo está virado do avesso!

a·mor |ô| 
(latim amor, -oris)
substantivo masculino
1. Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracção; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa (ex.: amor filial, amor materno). = AFECTO ≠ ÓDIO, REPULSA
2. Sentimento intenso de atracção entre duas pessoas. = PAIXÃO
3. Ligação afectiva com outrem, incluindo geralmente também uma ligação de cariz sexual (ex.: ela tem um novo amor; anda de amores com o colega). (Também usado no plural.) = CASO, NAMORO, RELACIONAMENTO, ROMANCE
4. Ser que é amado.
5. Disposição dos afectos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém (ex.: amor à humanidade, amor aos animais). ≠ DESPREZO, INDIFERENÇA
6. Entusiasmo ou grande interesse por algo (ex.: amor à natureza). = PAIXÃO ≠ AVERSÃO, DESINTERESSE, FOBIA, HORROR, ÓDIO, REPULSA
7. Aquilo que é objecto desse entusiasmo ou interesse (ex.: os livros electrónicos são o meu amor mais recente). = PAIXÃO
8. Qualidade do que é suave ou delicado (ex.: faz isso com mais amor). = BRANDURA, DELICADEZA, SUAVIDADE
9. Pessoa considerada simpática, agradável ou a quem se quer agradar (ex.: elas são uns amores; vem cá, amor). = QUERIDO
10. Aquilo cuja aparência é considerada positiva ou agradável (ex.: a decoração do quarto dos meninos está um amor).
11. Ligação intensa de carácter filosófico, religioso ou transcendente (ex.: amor a Deus). ≠ DESRESPEITO
12. Grande dedicação ou cuidado (ex.: amor ao trabalho). = ZELO ≠ DESCUIDO, NEGLIGÊNCIA

In Priberam (27-02-2015)

10 comentários:

  1. Infelizmente são cada vez mais os casos conhecidos em que essas situações existem e são reais. Realmente é algo doentio e que não faz sentido nenhum...

    ResponderEliminar
  2. Horrivel mesmo esse tipo de " relacoes" onde para mim nao ha amor mas sim obsessão.
    Muito triste tambem em Portugal as leis nao serem compridas nestes casos.
    Realidade triste para quem vive situacoes parecidas e vive no medo... Tambem me faz imensa confusao.
    Felizmente posso dizer que vivo uma relacao saudavel onde ha amor e amizade onde lutamos os dois para as mesmas coisas onde fazemos praticamente tudo juntos porque gostamos da companhia do outro, onde nos divertimos so a olhar para a nossa pipoca... nenhuma relacao e perfeita mas para mim a minha nao pudia ser melhor. :)
    Abraco de Toronto
    claudiapersi.blogspot.ca

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É mesmo mau. Já passei por algo semelhante e não recomendo a ninguém.

      beijos

      Eliminar
  3. É.. infelizmente existe, infelizmente já senti algo desse género na pele, não o desejo a ninguém, em circunstância alguma.

    Amor é precisamente o contrário disso tudo! O Amor não prende! Não exige! O Amor é admiraçao, respeito, liberdade!

    O Amor é a fibra de que somos feitos, a falta dele é que cria estes sintomas doentios.

    Uma das melhores descrições de Amor que conheço: Primeira carta aos Coríteos na Bíblia, quem não a conhece, recomendo!

    Beijinhos
    Z.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tive uma namorada que me disse que se ia matar. Que se ia atirar ao rio. Minutos antes fez um espectáculo numa discoteca que as pessoas pensavam que lhe batia. Foi a última vez que me viu. E não recomendo os nervos que senti naqueles momentos a ninguém.

      Beijos

      Eliminar
    2. Já tive no linear de ter uns 3 ataques de pânico à conta dessas situações. Houve um, quem nem chegou a ser meu namorado, que ameaçou suicidar-se é nesse dia desapareceu. A família toda a procura dele, liga para mim... porque ele falou em mim.. que filme... E depois disso andou a "perseguir-me" durante mais de um ano... Nada agradável....

      Para mim são pessoas doentes que precisam de ajuda. Mas nunca da parte das pessoas a quem perseguem...

      Eliminar
  4. Na minha adolescência o meu padrasto não quis aceitar o divórcio, escondia-se atrás de árvores, bancos de jardim e se a minha mãe ia a algum jantar de trabalho , ia de mota com um amigo meu. Ele ficou doente e quase enloqueceu a minha mãe e a mim, depois de nos mudarmos, ainda ligou durante uns meses, "só para saber se está tudo bem"

    Se me permites, esta eu descobri passados anos , tínhamos 17 anos, a minha melhor amiga deixava a mota numa garagem e morava no prédio em frente, fazia um pequeno percurso a pé, Fez um corte na propria barriga e disse que foi atacada, e fez chantagem com o ex namorado que a deixara há poucos dias para que ele fosse com ela todos os dias e a levasse na sua mota o tal percurso a pé. Ele ficou o meu BFF graças ao esquemas em que ela me envolvia, ela , uma louca com dinheiro.

    ResponderEliminar
  5. Também em tempos conheci alguém que se cortou de propósito de forma a pressionar-me a continuar a vê-lo. Ameaçava que se suicidava a culpa seria minha.... não éramos sequer namorados.
    Foi mt difícil para mim, sozinha tentar sair daquele pesadelo.
    Apesar de logo no início qdo nos conhecemos ter tentado afastar-me, havia sinais que me alertaram.
    Vejo como uma má experiência e me ensinou que pode parecer amor mas não passa de uma doença ou distúrbio qualquer.

    ResponderEliminar