7.9.15

pais e paciência (ou falta dela) para os filhos

Cenário: um centro comercial. Protagonistas: pai e filho. Acção: ambos estão a brincar. Pai e filho estavam a brincar em pleno centro comercial. Numa zona onde até circulam bastantes pessoas. Como acontece nas brincadeiras entre pais e filhos, os mais pequenos nem sempre fazem o que os mais velhos desejam. E era isso que estava a acontecer. O menino não atirava o brinquedo na direcção que o pai entendia ser a mais correcta. O que provocou um ataque de fúria no pai.

“Ai o cara***! Fo**-se! Voltas a atirar essa merda mal e não brincas mais”, disse, alto e em bom som. A criança voltou – sem que fosse propositado (era fácil perceber isso) – a atirar o brinquedo na direcção errada. “És mouco? Fo**-se! Acabou-se a brincadeira. Pó Cara***! Estás a fo***-me a cabeça”, disse. E estou a ser simpático nas asneiras que aqui partilho pois foram mesmo muitas asneiras.

Não sei se aquela criança foi desejada. Não sei se aquele rapaz/homem gosta de ser pai. Não sei se foi um dia mau ou se é comum acontecer aquilo que presenciei. Nem sou ninguém para julgar aquela pessoa. Mas nenhuma criança deve lidar com palavreado daqueles. Em coisa de dois minutos aquela criança ouviu um largo número de asneiras. Se o dia está a correr mal, se o pai tem problemas ou se não deseja brincar com a criança pode revelar isso mesmo sem escolher aquele caminho (que ainda provocou sorrisos num casal amigo).

As pessoas cada vez têm menos paciência para as outras. Nada se tolera. O balão de oxigénio fica vazio em segundos. Mas quando isto chega à relação pais/filhos é aquilo que considero bater no fundo do poço. O que esperar de uma criança quando ouve alhos e dasses e “não me f****” em poucos segundos?

16 comentários:

  1. Faço todos os dias o exercício de tentar perceber em que situações perdi a paciência sem que o devesse ter feito com os miúdos! Há inclusivé alturas em que percebo que exagerei na reacção logo no imediato, a vou a tempo de remediar o mal feito, peço desculpa e altero o rumo. Mas nada justifica um cenário como o que descreves... se queremos que os nossos filhos cresçam dentro dos nossos padrões, temos sem dúvida que dar o exemplo. Que tipo de adulto virá a ser essa criança?

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    1. Acredita que não escrevi tudo o que aquela criança ouviu. Aquilo foi assustador.

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  2. Aquilo que o pai está a transmitir com certeza que vai ser um adolescente falhado com a consequência de vir a ser um dia pai com a mesma atitude.

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    1. Se aquela criança ouvir aquilo diariamente será o reflexo do que ouve.

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  3. :( Realmente que cena triste... Lido diariamente com crianças, como professora que sou, e por vezes torna-se muito difícil dizer às crianças que não se deve dizer asneiras (apesar de elas até as conhecerem) quando logo a seguir referem que os pais também as dizem! Tento justificar que são palavras feias e que por vezes são ditas quando os adultos estão zangados e que não devem ser repetidas pelas crianças.
    Se chego a mudar algumas mentalidades, creio que não, mas faço o meu papel de educadora.
    Se tiveres oportunidade de assistir a um jogo de futebol no recreio da escola (falo do 1º ciclo) depressa perceberás que há alguns miúdos que utilizam esses "género de vocabulário" com frequência.
    Tenho pena dessa criança que não tem culpa da má educação do pai. Como as crianças tendem a imitar os adultos mais próximos, esta criança tem grandes probabilidades de vir a ser igual quando também ela for pai. Gostava muito de estar enganada!

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    1. Obrigado pelo teu testemunho. Acho que fazes, e muito bem o teu papel, mas parte importante passa pelos pais. E nos dias que correm muitos acham que a educação é dada na escola quando é dada em casa.

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  4. Pelo que contas, acho que esse deve ser o vocabulário habitual desse progenitor, se está em público, imagino em casa, por muito que os professores se esforcem, é muito difícil que as crianças não copiem os modelos que têm na família.

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    1. Fiquei com essa ideia. Que era apenas mais do mesmo. Não sei se será.

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  5. Pior que o vocabulário usado é a forma como se dirige ao filho, a humilhar e a destruir a sua autoestima. Muito triste :(

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  6. Infelizmente,esta situação é mais regra do que queriamos admitir. A maior parte dos pais diz asneiras à frente das crianças. E no Norte,ainda é normal. O que não fará necessáriamente maus filhos. Este caso é mais tipo violência verbal.
    Mas que as crianças seguem exemplos,é verdade.
    Quanda andava no Secundário aconteceu que um aluno cuspiu na cara do professor. O diretor de turma chamou os pais e acabou por perceber que era uma situação que acontecia em casa....
    Mata Hari

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  7. O exemplo que é dado é a falta de respeito, não pelas asneiras, mas pelas agressão. Além disso prejudica em muito o bom desenvolvimento emocional da criança. Eu sou do norte :) (cidade invicta) e cresci numa família que não diz palavrões, mas mesmo que dissesse seria igual ao que sou hoje (apenas com uma linguagem mais colorida ;) ). Porque o que interessa é a forma como nos fazem sentir enquanto crescemos!

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    1. A criança nada dizia. Nem sequer ouvi a voz dela. E aquilo era um "ataque" muito feio.

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  8. É triste que esse tipo de situações aconteçam.

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