25.1.17

as pessoas (também) têm culpa no acidente no terreiro do paço

Nota prévia sobre o acidente que ocorreu hoje de manhã no Terreiro do Paço, em Lisboa, e que envolveu um catamarã que vinha do Barreiro. As vítimas, felizmente sem gravidade, não têm culpa dos motivos pelos quais a embarcação bateu de forma inesperada. Fala-se em nevoeiro e em excesso de velocidade e nada disto pode ser associado aos ocupantes do barco.

Por outro lado o comandante não tem culpa de um comportamento tipicamente português. Estou a referir-me à quantidade de pessoas que se amontoam junto às portas de saída do barco quando este começa a aproximar-se do destino. Ou mesmo mal acaba de sair. E este ajuntamento é o motivo pelo qual existem tantas vítimas, felizmente ligeiras.

Moro na Margem Sul. Por isso sei o que é andar nestes barcos. Houve uma altura em que andava com bastante frequência. E em todas as viagens as pessoas juntam-se à porta de saída. Parece que o barco é uma bomba relógio prestes a explodir. Cheguei a assistir a casos de pessoas que chegam a sair do barco antes de a porta estar totalmente aberta.

As pessoas têm os seus motivos. Mas nenhum é válido quando acontece algo como aconteceu hoje. Quando algo inesperado motiva um acidente, de pouco vale estar colado à porta para ser o primeiro a entrar no comboio ou metro ou para ser o primeiro da fila para o autocarro. Motivos que levam muitas pessoas a colarem-se à porta do barco.

Isto acontece no barco. Isto acontece no metro, no comboio, no autocarro e até nos aviões, assim que acabam de aterrar mas quando ainda estão em movimento. Nas esmagadora maioria dos casos nunca acontece nada porque não existem incidentes. Quando algo acontece é facílimo que existam pessoas que acabam por se magoar. A maioria das pessoas não tem onde se agarrar e começa o efeito bola de neve. Caem uns atrás dos outros.

Felizmente as vítimas de hoje são todas ligeiras. Pode ser que este caso faça com que algumas pessoas percam a ânsia de sair de um transporte público que mais parece uma bomba prestes a explodir e da qual é melhor fugir o mais depressa possível.

2 comentários:

  1. As pessoas vão-se lembrar e corrigir esse comportamento durante uns 15 dias, no máximo. Depois voltam ao mesmo.
    Eu caí uma vez enquanto descia as escadas do metro, para apanhar o autocarro no sentido para casa. Jurei que nunca mais corria escadas abaixo. Passado um tempo, ao correr escadas abaixo novamente, escorregou-me um pé, num pouco de água que estava na escada rolante, e ia-me "matando" (porque bater com a cabeça naqueles degraus pode realmente matar alguém). Nunca mais corri. Não quero comprovar que à terceira é de vez...

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