8.6.17

quando um boato passa a verdade

Hoje falava com um amigo por causa das acusações que um funcionário do Futebol Clube do Porto fez em relação ao Benfica. Dando a entender que existe um esquema de corrupção montado para beneficiar os encarnados. Dizia o meu amigo. "Agora o Pedro Guerra e o Benfica têm de provar que estão inocentes." Defendi que este modo de pensar é um dos males deste País.

Há muito que os portugueses se habituaram a dizer o que bem querem. A acusar este e aquilo disto e daquilo. E não me refiro apenas a este caso específico. Acontece no futebol. No trabalho. Nas redes sociais. E até em grupos de amigos. Puxando a bandeira da liberdade de expressão, as pessoas dizem aquilo que bem entendem. E acusam este e aquilo de tudo a mais alguma coisa. E depois chutam a bola para o outro. "Ele que se defenda e que prove que é mentira".

Quando na realidade, quem acusa é que tem de provar as acusações que fez. Quem acusa - se o faz deverá ter provas que sustentem essa acusação, ainda mais quando se trata de uma questão legal - tem de provar aquilo que está a dizer. A realidade que está a colocar em causa. Neste caso específico, o acusador terá de provar - de forma sustentada - aquilo que diz. Porque, e muito infelizmente, neste País um boato passa a verdade absoluta após um determinado número de repetições. O que leva a outro problema: a falta de tempo das pessoas para pensar em algo antes de formar uma opinião.

É que os desmentidos, quando acontecem, passam despercebidos. São uma espécie de nota de rodapé que ninguém vê. Quando o boato é a capa para que todos gostam de olhar. Volta e meia ainda surgem casos em que esta brincadeira sai cara a quem a faz. E refiro-me aos casos que acabam em tribunal com indemnizações mais ou menos chorudas. Como aconteceu relativamente recentemente com Marco Silva. Mas disto poucos falam. O que importa é dar eco ao boato.

4 comentários:

  1. Antes de comentar este texto, devo confessar-lhe que sou adepta do F.C. do Porto, desde que nasci.
    Posto isto devo dizer-lhe que acho estas jogadas de acusação de corrupção dos rivais, nojenta, venha ela de que lado venha. A não ser que existam provas irrefutáveis do que se afirma, e nesse caso o clube em questão deve ser severamente punido. Noutras situações, (e há anos que os clubes se mimoseiam com estas acusações sem provas) o clube que faz a denúncia é que deveria ser punido.
    Mas neste país é assim.
    Abraço

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    1. Por coisas como estas é que ninguém liga nada ao nosso campeonato. Passamos o tempo nisto.

      Abraço

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  2. Ora nem mais! Desmentir soa sempre a desculpa, a justificação. Quem acusa é que tem que ter provas, factos, argumentos que demonstrem que, de facto, as acusações têm um fundamento. Acusar alguém de algo, sem provas, e esperar que depois o outro se desenrasque a desmentir ou justificar-se, é de gente muito poucochinha.

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    1. Cria-se a ideia de que quem não desmente é porque tem culpa. E isto é errado.

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